terça-feira, 30 de outubro de 2007

2.3.4.3. O mundo e a New Age

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2.3. Princípios fundamentais do pensamento da Nova Era

2.3.4.3. O que diz a Nova Era sobre o mundo?

A mudança do modelo mecanicista da física clássica pelo “holístico” da moderna física atómica e subatómica, baseado na concepção da matéria como ondas ou quanta de energia em lugar de partículas, é central para o pensamento da Nova Era. O universo é um oceano de energia que constitui um todo único ou bordado de vínculos. A energia que anima o organismo único do universo é o “espírito”. Não há alteridade entre Deus e o mundo. O mundo mesmo é divino e está submetido a um processo evolutivo que leva da matéria inerte a uma “consciência superior e perfeita”. O mundo é incriado, eterno e auto-suficiente. O futuro do mundo se baseia num dinamismo interno, necessariamente positivo, que conduz à unidade reconciliada (divina)de tudo quanto existe. Deus e mundo, alma e corpo, inteligência e sentimento, céu e terra são uma única e imensa vibração de energia. O livro de James Lovelock sobre a hipótese Gaia afirma que “todo o âmbito da matéria viva da terra, desde as baleias até os vírus e desde os carvalhos até as algas, poderia considerar-se como uma única entidade vivente, capaz de manipular a atmosfera da terra para adaptá-la a suas necessidades gerais e dotadas de faculdades e poderes que superam de longe os de suas partes constitutivas”. Para alguns a hipótese Gaia é “uma estranha síntese de individualismo e coletivismo. Parece como se a Nova Era, após ter arrancado as pessoas da política fragmentária, estivesse desejando lançá-las numa grande panela da mente global”. O cérebro global necessita de instituições com as quais governar, em outras palavras, um governo mundial. “Para enfrentar os problemas de hoje, a Nova Era sonha com uma aristocracia espiritual ao estilo da República de Platão, dirigida por sociedades secretas...”. Talvez seja um modo exagerado de expor a questão, porém existem numerosas provas de que o elitismo gnóstico e o governo global coincidem em muitos temas da política internacional. Tudo quanto existe no universo está inter-relacionado. De fato, cada parte é em si mesma uma imagem da totalidade. O todo está em cada coisa e cada coisa no todo. Na “grande cadeia do ser”, todos os seres estão intimamente vinculados e formam uma só família com diferentes graus de evolução. Toda pessoa humana é um holograma, uma imagem da criação inteira, na qual cada coisa vibra com sua própria freqüência. Cada ser humano é um neurônio do sistema nervoso central e todas as entidades individuais se acham em relação de complementaridade uma com as outras; na realidade há uma complementaridade ou androginia interna em toda a criação. Um dos temas constantes nos escritos e no pensamento da Nova Era é o “novo paradigma” que foi posto em evidência pela ciência contemporânea. “A ciência nos permitiu uma visão da totalidade e dos sistemas, nos deu estímulo e transformação. Estamos aprendendo a compreender as tendências, a reconhecer os sinais iniciais de um paradigma mais promissor. Criamos panoramas alternativos do futuro. Comunicamos as falhas dos velhos sistemas e forçamos novos contextos para resolver problemas em todas as áreas”. Até aqui, a “mudança de paradigma” é uma mudança radical de perspectiva, porém nada mais. A questão é saber se pensamento e mudança real serão proporcionais e se é possível demonstrar a eficácia que teria uma transformação interior sobre o mundo exterior. É obrigatório perguntar-se, mas sem expressar um juízo negativo, até que ponto pode considerar-se científico um processo mental que inclui afirmações como esta: “A guerra é inconcebível numa sociedade de pessoas autônomas que descobriram a interconexão de toda a humanidade, que não temem idéias estranhas e nem culturas estrangeiras, que sabem que todas as revoluções começam dentro da pessoa e que não se pode impor o próprio tipo de iluminação a ninguém”. Não é lógico deduzir que, visto que algo é inconcebível, não poderá acontecer. Este é o tipo de raciocínio tipicamente gnóstico, no sentido de que confere demasiado peso ao conhecimento e à consciência. E isto não significa negar o papel fundamental e crucial do desenvolvimento da consciência nos descobrimentos científicos e no processo criativo, mas simplesmente alertar contra a possibilidade de impor sobre a realidade exterior aquilo que até o momento só está na mente.In: Pontifício Conselho Cultural e Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso - Jesus Cristo Portador da Água Viva: Uma reflexão cristã sobre a "Nova Era" http://www.itf.org.br/index.php?pg=conteudo&revistaid=8&fasciculoid=89&sumarioid=1346 = Instituto Teológico Franciscano (publicação parcial on-line, em português, no Brasil). O original é inglês. Edição portuguesa total, impressa: Paulinas, Março de 2003.

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